ao sabor do vento

homenagem aos desaparecidos no vôo 3054

de repente a gente

não sabe de onde

dá um sopro ou um vento

e as pessoas se vão

e se tornam em pedaços

dentro do estardalhaço

da nossa maior comoção

e a gente fica sem nada

ou pouco sobra do corpo

que nós então procuramos

em vão unir ou colar

como fazem as crianças

com o jogo de quebra-cabeças

pra que a gente não se esqueça

da forma como elas eram

ou do que até nos fizeram

de tudo de bom ou do bem

porque do mal não convém

que nos lembremos agora

já que essa hora implora

que nos esqueçamos que somos

constituídos de partes

que se despedaçam ao vento

quando ele acha que deve

ou quando ele quer e nos vem...

Rio, 19/07/2007