Aldeia de Menino

Aldeia de Menino

Na aldeia, perdida no alto monte,

estreitada num vale verde,

rústica de odores matinais.

Meu olhar vagueia no horizonte,

limitado de céu e se perde

em mil sussurros de adágio.

Aldeia de fragrâncias naturais,

de cores divinas matizadas:

os verdes, os amarelos, os laranjas…

Os fumos do lar em espirais

voam como danças orquestradas,

pelo vento, em farrapos e franjas.

Minha alma rejubila feliz,

livre da escravidão de amores

inventados por cruel nostalgia;

Meu corpo, renova, qual petiz,

sangue, lágrimas, suores...

Esvai-se em vida de rebeldia.

Minha boca sorri, desabrocha

líricos de louvores eternos

à natureza pejada de vida;

Minha boca grita e desbocha

canções, desafios de infernos,

toada monocórdica perdida...

Desculpai aves, desculpa rio,

por quebrar as vossas melodias,

desculpa vento por seres arauto

do meu patético desvario.

Desculpai, cedo virão calmarias

para vós e dores para mim, incauto...

Na aldeia, meu paraíso real,

liberto do mal, perdido de mim,

sou menino travesso, sorrindo...

Por irmãs e por irmãos, afinal,

tenho a rosa, o cravo e o jasmim,

que me acenam - sinto-me bem-vindo!

À terra paterna, Beijós (Beijoz) - Carregal do Sal, Viseu

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 14/05/2016
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