O cronista da Piedade
O cronista da Piedade
Mereceria uma placa:
"Cronista da Piedade"
Esta casa prolifera
Muita criatividade
As plantas falam com ele
Os cães fazem melodia
Ele assimila e transforma
Os fatos: pura alquimia
Chega a noite. Ideias dançam
Na mente do escritor
Gênio multifacetado
Livros, escola, amor
Na calada, o corpo dorme
E a alma põe-se a sonhar
Gerando crônica nova
Com tema, data e lugar
Cortinas esvoaçantes
Traçam arcos, retas, tramas
Envolvem sonhos errantes
Emolduram nossa cama
O ventilador insiste
Em dançar uma valsinha
Com a porta do armário
Que, há anos, dança sozinha
Um cão gane ao pé da porta
Tentando, dengoso, entrar
Há muito ele vive aqui
Tem visgo deste lugar
O cuco anuncia as sete
E nosso escritor desperta
Todo o quarto, então, se cala
Entrando em estado de alerta
Palavras retornam aos livros
Livros voltam às estantes
Nada mudou por aqui
A casa está como antes.