A Diarista

A DIARISTA
Miguel Carqueija



O meu trabalho é intenso,
porém me sinto feliz;
é bom ser honesta, eu penso,
é a vida que eu sempre quis!

E depois que adianta
riquezas acumular?
Bem sei, não sou uma santa,
mas não vivo pra luxar!

Pois sabem, me gratifica
por confiarem em mim;
nunca vivi de futrica,
sou muito séria enfim.

Trabalhar no lar alheio
é uma missão sagrada:
pois estando nesse meio
respeito e sou respeitada.

Pois todos gostam de mim,
inclusive a criançada;
se sou popular assim
é porque me fiz amada!

Eu tenho a minha família
que também devo cuidar:
tenho um filho e uma filha
e um marido para amar!




É uma vida até bem dura
porém Cristo é meu farol:
o trabalho me apura
e eu tento ser de escol!

Trabalho assim em três lares
e lavo, passo, cozinho;
não ligo para os azares
e a todos eu dou carinho!

Os meus patrões eu encaro
com o necessário respeito:
Dona Lourdes, Seu Amaro,
conhecem bem o meu jeito!

E eu me sinto tão contente,
não me trocam por ninguém!
Vou assim seguindo em frente
e é tão bom fazer o bem!

Uma boa interação
tenho até com o cachorrinho;
e faz bem ao coração
toda festa de um bichinho.

Vou seguindo o meu trajeto
vivendo às mil maravilhas;
trocando amor e afeto,
curtindo quatro famílias!





Diarista na verdade
é uma bela profissão,
pois dá muita liberdade:
trabalhar de pé no chão!


Eu sei fazer um suflê,
uma torta de limão,
preparar um bom pavê,
trabalho com o coração!

Levo a menina na escola
ou trago dela o menino;
e me fazem jogar bola,
embalar o pequenino!

Vou dizer, fácil não é:
precisa ter muito amor!
Remar conforme a maré,
a todos passar calor!

E ter que me deslocar
se a casa fica distante;
sol e chuva atravessar
e chegar já ofegante!

Gonçalves Dias porém
falou: “Viver é lutar!”
Se estou fazendo o bem
não tenho que me queixar!







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