Que me perdoem aqueles leitores
Que estão me cobrando poesia,
Porque que nestes últimos dias,
Eu já não falo mais de amores,
Só ando escrevendo sobre política.
Dou-lhes razão, e sem embargo,
Reconheço que ando tão amargo
Que mereço toda essa crítica.
Mas acho que posso ser perdoado,
Porque nunca fui mesmo poeta.
A poesia requer um bom esteta,
E isso é algo que a jamais fui dado.
Dito isso, dou graças a Deus,
Por não ter inveja ou ciúme.
Poetas são o Brandão e a Ana Bailume,
O Balbach e outros confrades meus
Que publicam aqui no Recanto.
Eles fazem verdadeiras obras-primas
Eu só consigo forçar umas rimas,
E ás vezes uns sonetos nem tanto.
Depois, os ventos que vem da capital,
Que sempre me chegam pela manhã
Só me inspiram uma febre malsã,
Depois do café e a leitura do jornal.
Por causa do Renan e do Lewandowisky
Do Cunha, da Dilma, do Lula e Dirceu
Eu já esqueci o Casemiro de Abreu
E só consigo pensar como o Maiakowisky.*
" Vontade de fuzilar essa gente".
Assim, perdoe-me prezado leitor.

Quem sabe passando essa crise,
Eu descubra um talento que nunca tive
E volte de novo a falar de Amor,
E tudo volta a ser como antigamente.
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Na imagem, o retrato de Maiakowisky, o arauto da revolução russa.