A Aeromoça

A AEROMOÇA
Miguel Carqueija


Eu sou o anjo sem asa
que te protege no ar,
você está indo pra casa
mas tem medo de voar;

minha presença te acalma
e te impede de surtar:
e assim trabalho com alma
pra todos tranquilizar.

A bordo eu sou a mãezinha
cuidando do viajante;
por isso sou tão meiguinha
e presença tão constante!

Eu amo esta profissão
que me faz morar nos ares:
e viva a Aviação
apesar dos seus pesares!

— Você não tem medo não?
Pergunta a minha vizinha.
— Tenho medo de avião
— diz ela com uma vozinha.

Mas de véspera não morro
e tenho serenidade:
pois Jesus é o meu socorro
que me apoia com bondade!




De toda a tripulação
é a mim que o passageiro
recorre em sua aflição
e eu ajudo o tempo inteiro!

Não tenha ataque nervoso,
pegue um pouco a minha mão;
e dou beijo carinhoso
na menina e seu irmão.

Eu ajeito o seu assento,
e dou toda a instrução:
faço tudo com talento
cumprindo a minha missão!

Mas que sublime carreira
com que Deus me abriu a mente:
me sinto uma aventureira,
uma mulher bem valente:

é preciso ter coragem
pra embarcar e voar:
e não recebo homenagem:
só Deus vai me premiar!





Pois não é fácil empresa
controlar uma histeria,
tratar todos com lhanesa
e sem falhar nem um dia!

Sim, eu sirvo ao passageiro,
àquela velhinha amável,
ao garoto bagunceiro,
ao medroso insuportável!

Sou psicóloga um pouco
pra acalmar piripaque,
sei lidar até com louco,
evito que dê ataque!

— Quer água ou um cafezinho?
Falta pouco pra chegar!
E é assim com meu carinho
que retornam para o lar.

Transmitir amor e paz
é a bênção da minha vida:
é recompensa demais
sentir que sou tão querida!





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