A Voluntária

A VOLUNTÁRIA
Miguel Carqueija


Eu sou anjo de bondade
mas feito de carne e osso:
espalho a felicidade,
salvo do fundo do poço.

Voluntária, meu labor
é um risco permanente;
mas não posso ter pavor,
tenho que seguir em frente.

Numa terra flagelada
por tremor, deslizamento,
socorro gente assustada
agindo com sentimento.

Eu sei fazer uma sopa
e cozinho com esmero:
preciso do alho, opa!
Sei fazer um bom tempero.




Ninguém morrerá de fome
se eu estiver por perto;
eis aqui seu prato, tome!
E procure ser esperto.

É triste ver tanta gente
que se vê assim sem lar:
— Tudo ruiu de repente,
como irei recomeçar?

Consolar um ser humano
é nosso dever sagrado!
Sofrer tanto desengano
e perder um ente amado!

Gatinha, eu te encontrei
e te adoto com carinho:
perdeste os donos, bem sei:
então serás meu bichinho.





Não precisa na verdade
ter desastre ou furacão
pra levar felicidade
basta amor no coração!

Visitar um orfanato
e alegrar uma criança,
isto sim é que é um bom ato
que pra alma traz bonança!

Eu sei que Deus abençoa
o meu voluntariado:
pois não é uma coisa à toa
se quem sofre é consolado!

E os velhinhos no asilo
como sofrem, coitadinhos!
Quanta dor me traz aquilo:
Vê-los abandonadinhos!




Jesus, nas almas acende
o fogo do teu amor:
quem enfim não compreende
o que é penar na dor?

Não posso tudo fazer
então o que posso eu faço:
ajudar é um prazer
e fazer do amor um laço.

Não tenho medo da lama,
da chuva torrencial:
nutrindo do amor a chama
nada irá me fazer mal.

A vítima eu carrego
com a força que Deus me deu:
aos irmãos assim me entrego,
vossa irmãzinha sou eu!


 
Sou como fada que surge
só para o bem praticar:
e sei bem que o tempo urge,
coragem, eu vou te ajudar!







24/25/11/2015



imagens pixbay (fada gentilmente cedida por Rosa das Oliveiras)