Judith
O rosto miudinho, olhinho agitado
Risinho tímido,
que jamais me foi negado
Na travessa de louça pintada,
a borbulhante sopa de feijão
e no natal sempre presente
teu purucante leitão
Ainda sinto o cheiro bom da cozinha
O gosto forte da gemada
Ainda lembro do romeu e julieta
e da tua macarronada
de bater delicadamente
o saboroso pudim de nata,
das frutas cristalizadas
na Siciliana Cassata
Que saudade do teu colo
Da polenta, da porpeta
De quarar roupa na grama...
nas noites fria, quando me punha dormir na tua cama...
Era tudo tão quentinho...
graças ao acolchoado
feito de retalhinho
No sofá vermelho intenso
O crochê me ensinou
Aplaudindo cada pontinho
De mais esta herança que me deixou...
Bibelôs em miniaturas
Enfeitavam o teu lar
Margaridas, cravos e rosas
Espalhavam perfume no ar...
O pé de primavera, ficava junto ao portão
Eu avistava de longe e quanto mais perto chegava
Mais acelerava meu coração
Tuas simpatias,
Gostavas de ensinar
Foi contigo que aprendi a rezar
Chuva forte se corta com um punhado de sal
basta um “anjinho” ir ao quintal jogar,
e lá ia eu, aquela chuva encarar...
Ai que saudade, Vózinha...
Ai que saudade sem fim...
mesmo sabendo que daí de cima cuidas de mim...
que saudade
De te ouvir pela casa cantando
“La gigiota la ga um bambim”