A Pastorinha de Cabras


Miguel Carqueija


Com a minha calça de brim
levo comigo Avelã
que está sempre junto a mim,
a cabrinha é minha fã!

Solto o canto na montanha
na campina verdejante,
contemplo a teia da aranha
que o raio de sol faz brilhante!

Muito alegre eu pastoreio
com amor no coração;
o trabalho é meu esteio
e eu vivo de pé no chão.

Cabras, toquem seus sininhos
vamos voltando pra casa:
avezinhas vão pros ninhos
hora de recolher a asa.




Cabra é um bichinho amoroso
prova disso é a Avelã;
meu xerimbabo dengoso,
meu tão fiel talismã.

Com meu cabelo curtinho,
olhos negros de alcatrão,
vou seguindo meu caminho
ao longo do ribeirão.

E sob um sol radioso
contemplo a minha cabrinha
comendo um capim gostoso,
como Avelã é fofinha!

Do outro lado do vale
segue a mana com as galinhas
e enquanto o pé não resvale
eu corro com as cabritinhas!


Fazem “mééé” com tanto gosto
fique a mana com as galinhas;
vou ficando no meu posto
e assim as cabras são minhas!

Com blusa quadriculada
caminho a mais não poder
sorrindo, bem-humorada,
com alegria de viver!

A montanha é poesia
num resplandecer vital;
graças meu Deus por tal via,
e aqui não existe o mal!

Como Heidi sou livre e pura,
filha alegre do vergel;
carrego oculta a bravura
tal qual um Guilherme Tel






de quem eu sou descendente
então amo a liberdade,
e quero ser a semente
do amor e da verdade!

Avelã é uma irmãzinha
que me segue aonde eu vou;
tão amiga, pobrezinha,
e jamais me abandonou!

No fundo o meu coração
tem um desejo guardado:
a identificação
do meu Príncipe Encantado!

Mas mesmo se eu me casar
direi firme pro meu bem:
com as cabras tens que ficar,
pois vão comigo também!





imagens google, pixbay
Debbie Reynolds no papel de Tammy, do filme norte-americano (1959) "Tammy the bachelor" exibido no Brasil como "A flor do pântano"