AO POETA MAIAKOVSKI
De onde vens, poeta tão vasto!
A nos desfraldar tal manto de pureza
Onde nem Virgílio ousou sentar à mesa
Por não equiparar-se a tão grande astro
Vem escrever na lousa do meu tempo
Os versos imemoriais da tua história
Na clâmide de riquezas intraduzíveis
O contraditório que exaltou a tua glória
Sois o pó das vestes do tempo, puídas
Sopradas nas ondas dos desenganos
A andar nas vagas sombrias da incerteza
Da ensandecida verve do teu oceano
Na luz obscura que guardava segredos
Vais pois, erudito, desvelar o teu véu
Na tua alma crua e apunhalada
Revelaste no inferno, a beleza do céu!