Bordado a Branco
Mansidão suave, rebeldia entrelaçada,
Laços fechados com nós despedaçados,
Turbilhão esquecido de uma vida amordaçada,
Esquecimento amarrado numa arca encarcerada.
Ando saltitando de nuvem em nuvem algodoada,
Saracoteando Bom Dia a um, para o outro Olá;
Vivo para mim numa concha de ouro, guardada,
Às vezes com medo de ser atirada ao Deus dará.
Despertada de manhâ bem cedo, de manhãzinha,
Acordei fresca, preguiçosa, de hora entrada,
Arrebatada do tormento de "sempre sózinha",
Levanto cativeira da liberdade espreguiçada.
Chilrear constante, nesta criança manhã,
Brilho esfuziante nos olhos dos raios solares,
juventude sadia, digerida no aroma de uma romã,
Simpatia cintilante cravada em todos os olhares.
Bordado a branco, em seda, delicado tecido,
Escrevi:"Amo-te tanto, quero-te comigo";
Deitei-me no chão, e sonhei com o cupido,
Esculpida em coração, sozinha contigo.
Laurinda Malta