AO SER

Quando zonza dobrei a esquina das horas

No apressado do tempo que só sabia passar

Já me tendo perdido do sentido do agora

A buscar-me por dentro, a tentar me achar...

Foi ali que cruzei com olhos que nunca me viram!

Mas por dentro de mim a tão bem me enxergar...

Ao mistério da alma pespassar colorido

A dizer-me chegada a hora de me encontrar.

E foi só uma palavra lançada ao senso

Desta vida retórica que nada me prometeu!

Que então eu sorvi um olhar de alento

A um todo sedento, um troféu ao apogeu...

De se ser sentido muito além do que o vento

Leva sempre consigo, nos reveses do adeus.