Depois que morreu Machado a nossa língua morreu
Um verdadeiro cultor
Da última flor do Lácio
Descreveu conto e prefácio
Esse famoso escritor
O mais forte prosador
Que a nossa pátria já deu
Em tudo quanto escreveu
Mostra o genio requintado
Depois que morreu Machado
A nossa língua morreu.
Não tinha discurso longo
Dentro da sua poética
Mas dominava a fonética
Do acento agudo ao ditongo
Hiato e também tritongo
O nosso mestre aprendeu
Como ele ninguém cresceu
No portugues sublimado
Depois que morreu Machado
A nossa língua morreu.
Começou quase mirim
Despertar seu sentimento
Com velho padre Sarmento
O mesmo aprendeu latim
Verdadeiro paladim
Da lingua que conheceu
Como autodidata leu
Mais de um clássico prendado
Depois que morreu Machado
A nossa língua morreu.
Autodidata discreto
Um romancista erudito
Nunca disse gratuíto
Como o povo analfabeto
Somente Coelho Neto
Imita o genero seu
E Pompéia com Ateneu
Outro mestre reputado
Depois que morreu Machado
A nossa língua morreu.
Como grande romancista
Defendeu nosso idioma
Nunca conquistou diploma
Nosso famoso cronista
O maior vernaculista
Que neste Brasil nasceu
Como Camilo escreveu
Num português rebuscado
Depois que morreu Machado
A nossa língua morreu.
Machado foi transcendente
Nas questões gramaticais
Com seus contos geniais
Fascinava nossa gente
Com seu português fluente
Mais de um romance escreveu
Ao mundo surpreendeu
Esse monstro consagrado
Depois que morreu Machado
A nossa língua morreu.