Vozes do exílio
Há dias que Gonçalves não escreve mais!
É que Gonçalves, dias antes me dissera:
—olha poeta, sente esta atmosfera
e escuta o sabiá cantar nos palmeirais.
—O sabiá, poeta, levará teus ais
ao coração e até a alma da palmeira.
Se Deus quiser (e é certo que ele queira)
o velho sabiá não morrerá jamais.
O vate (ser humano de antiga era)
confessa pra Gonçalves ser o sabiá,
que veio do exílio e trouxe para cá
uma canção guardada em sua longa espera.
Gonçalves (que floriu em outra primavera)
ainda hoje espera o velho sabiá.
Há dias que Gonçalves não escreve mais!
É que Gonçalves, dias antes me dissera:
—olha poeta, sente esta atmosfera
e escuta o sabiá cantar nos palmeirais.
—O sabiá, poeta, levará teus ais
ao coração e até a alma da palmeira.
Se Deus quiser (e é certo que ele queira)
o velho sabiá não morrerá jamais.
O vate (ser humano de antiga era)
confessa pra Gonçalves ser o sabiá,
que veio do exílio e trouxe para cá
uma canção guardada em sua longa espera.
Gonçalves (que floriu em outra primavera)
ainda hoje espera o velho sabiá.