Essas mulheres...

A culpa é da colombina

que briga com o arlequim;

a culpa é da bailarina

que esconde os passos de mim;

da rosa que fere o cravo,

da chuva que molha o chão;

a culpa é da atiradeira

que fura São Sebastião;

das folhas que vão o outono

perdendo-se ao meu jardim;

das horas que se adiantam

fechando o botequim;

a culpa é da primavera

que ofusca o sol do verão;

daquela cor amarela

que faz do sorrir em vão;

a culpa é da chapeuzinho

que engana o Lobo Mau;

A culpa é da Cinderela

que esquece o pé de cristal;

da Cuca que assusta o sítio,

da pulga que coça o cão;

a culpa é da purpurina

que cola na nossa mão.

E pra acabar o poema,

antes que eu cause um tufão,

mulheres que aqui me lerem,

saibam logo, de antemão:

não há homem nesse mundo,

em qualquer rumo ou estrada,

que consiga existir

longe da mulher amada.