Yvette Mimieux, cena do filme norte-americano "The time machine" (A máquina do tempo), de 1960, produzido e dirigido por George Pal.


A Mulher Pré-Histórica


A MULHER PRÉ-HISTÓRICA
Miguel Carqueija



Eu sou quem lhe acompanhou
por este mundo sem fim;
quem nunca te abandonou
amando-te sempre assim.

Juntos fugimos da ursa
e nadamos pelo rio,
nós caçamos a camurça
e enfrentamos fome e frio.

Na caverna junto a ti
sentia-me em segurança,
nosso ninho era ali,
e no meu ventre a criança.

Aprendi contigo a luta,
a defender-me com faca,
fiz nossas roupas de juta,
carreguei frutas na saca.

Sempre gostei de olhar
o majestoso mamute:
meu bem, é de estasiar:
com ele você nunca lute!

Na campina verdejante
caminhamos sem destino:
e seguimos vida errante,
com a menina e o menino.

Pés desnudos no chão duro
sou a tua companheira,
amando-te com apuro,
seguindo-te a vida inteira!

De nossa tribo saímos,
em nômades nos tornamos;
por este mundo partimos,
e assim melhor nos amamos.






E hoje, cabelos ao vento,
conduzimos Su e Alisa;
e dormimos ao relento
quando suave é a brisa.

Com nosso cão Dente Branco
vamos seguindo pro Norte:
— Meu bem, você está meio manco,
aquele tombo foi forte!

Meu marido é carinhoso
e me carrega no colo
sempre muito cuidadoso,
quando o meu pé eu esfolo!

As terras são perigosas,
têm feras que põem medo.
Por montanhas angulosas
seguimos nosso degredo.

Pelos filhos e marido
eu daria a minha vida;
com perigos sempre lido
com meu jeito de atrevida.

O peixe nunca nos falta,
se o urso não aparece;
Alisa dança, peralta,
mas Su com sono adormece!

Que filhos maravilhosos
nós conseguimos ganhar:
às vezes são tão dengosos
são coisinhas pra se amar!

O cachorro é tão fiel
que morreria por nós:
ataca até cascavel
e o réptil mais atroz.

Que o Grande Espírito conduza
a nós para o que vier;
serei sempre a tua musa,
confia nesta mulher.

Neste mundo tão imenso
terei o que sempre quis:
um dia, assim eu penso,
vamos fazer um país!



xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx


EU SOU ESSA MULHER PRÉ-HISTÓRICA
CARREGANDO NA PELE AS MARCAS DO TEMPO
A QUE SUBIU E DESCEU LADEIRAS
CARREGANDO FLORES OU PEDRAS
E FILHOS NO VENTRE.

EU SOU ESSA MULHER PRÉ-HISTÓRICA QUE NÃO ENTENDE A 'MODERNIDADE'
QUE NÃO APRENDEU A ASSIMILAR CERTAS COISAS...
QUE APRENDEU A SEMEAR PALAVRAS, A COLHER FRUTOS DO BEM QUE, ÀS VEZES PRATICA
POR LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE.

MULHER PRÉ-HISTÓRICA QUE NÃO SOMENTE 'DESENTENDE', MAS TAMBÉM NÃO SE RENDE ÀS ATITUDES, NEM À FALTA DE AÇÃO 'DESSA' TAL S O C I E D A D E! 

(interação de Aparecida Ramos (Ísis Dumont)



imagens google