Soberano

Dá para acreditar no que aconteceu a Janeiro?

Anunciou-se tão festeiro, foi o primeiro a se acabar.

Não durou nem trinta dias Fevereiro e informou a sua partida

com uma festa carnavalesca na celebração da despedida.

Março chegou marcial, valente, lutou com bravura.

Sucumbiu no último dia, cega a espada, rota a armadura.

Abril estreou-se no ano com falsas promessas de novidade.

Caiu sem amor nem compaixão, descobriram toda a verdade.

Maio começou dando trabalho - vigor com que se desentranhe.

Na segunda semana chorou, já estava chamando a mamãe.

Junho enamorou-se do caso, mas tão breve amou, terminou.

Deu tudo de si num só dia - paixão passageira. Passou.

Com Julho imperaram as mãos frias

com que só se descansa nos dias. Covardia.

Agosto, tão imponente, não se fez mês competente e se foi de repente.

Setembro, independente, chove. Choveu por toda a vida.

Desistiu no equinócio, ao desabrochar a margarida.

Outubro ou brinca ou nada...

Não aprende, é criança mimada.

Novembro morre tão cedo, que não vem,

não vai, não convence.

Na tal espera das festas, Dezembro desiste também.

O tempo desembesta. E o ano, portanto, vence.