Pereceu Silvio Granjeiro, um menestrel do sertão
Silvio granjeiro cantava
Repente ao som da viola
Doutrinava sua escola
Da maneira que gostava
Ao camponês conquistava
Cantando mote e canção
No martelo e no mourão
Amedrontava o parceiro
Pereceu Silvio Granjeiro
Um menestrel do sertão
Como gênio do repente
Topava qualquer rival
Um cantador genial
Um poeta inteligente
Cantando pra nossa gente
Tinha bela inspiração
Conquistava multidão
Com seu repente lampeiro
Pereceu Silvio Granjeiro
Um menestrel do sertão
No palco da cantoria
Nunca perdeu pra Geraldo
Disputou com Lourinaldo
Com Daudete e Zé Maria
No campo da poesia
Teve muita projeção
Consagrou-se campeão
No nordeste brasileiro
Pereceu Silvio Granjeiro
Um menestrel do sertão
O cenário do repente
Está sentindo saudade
Porque perdeu na verdade
Um companheiro virente
Um repentista decente
Um poeta cidadão
Que cantava a solidão
Do coração do roceiro
Pereceu Silvio Granjeiro
Um menestrel do sertão
Como vate requintado
Cantava sem cacoete
No mote e no gabinete
Foi bastante respeitado
E no quadrão perguntado
Tinha a mesma concisão
Quando cantava canção
Encantava o palco inteiro
Pereceu Silvio Granjeiro
Um menestrel do sertão
Esse grande menestrel
Como poeta inconteste
Percorreu todo nordeste
Cumprindo com seu papel
De repentista fiel
E cantador do povão
Sempre teve gratidão
Com seu público mateiro
Pereceu Silvio Granjeiro
Um menestrel do sertão
Um repentista invulgar
Uma inteligencia rara
Filho nato de Abaiara
Seu velho chão popular
Duelou com Zé Gaspar
Com Pedro e Sebastião
Com Moacir e Cancão
E também com Zé Monteiro
Pereceu Silvio Granjeiro
Um menestrel do sertão
Deste poeta conciso
Falei com sinceridade
Sentindo imensa saudade
Do seu sublime improviso
Lá no santo paraíso
Preparou nova mansão
Mas levou no coração
Saudade de Juazeiro
Pereceu Silvio Granjeiro
Um menestrel do sertão.