Pernas - 2ª Parte
Tuas pernas belas não me mostram as formas definidas, pilares que me dão vida, se vestidas com calças compridas, malfadadas, mesmo que musselinas meias. Ocultas, ficam sem brilho, quase que feias.
Tuas pernas têm que ser, tal qual a lua, que de fora ilumina o mar e as ruas, envolvendo a todos, como um exótico incenso.
Divinas pernas! Quero-as tentadoras, em sua glóriosa e feminil nudez. Deixe-as a descoberto, sob saias rendadas e coloridas, assim como gosto, dentro do mais puro bom senso.
São essas pernas que eu as quero do meu lado, enlaçando-me, aquecendo-me, em pé, deitadas ou de joelhos. São mais belas cada vez que as vejo, em meus tresloucados sonhos, nas madrugadas gélidas da imensidão dessa terra estranha.
Belas pernas que me provocam ciúme, atraso espiritual na representação do mais vil e amargo queixume de quem sempre buscou, durante toda a vida, alguém para chamar de excelsa estrela azul mais brilhante, amada e querida complementação de meus anseios.
Pernas que alimentam o ego do homem altaneiro, solitário, conquistador de almas afins, de corações superafinados pelos propósitos edificantes, razão de ser de toda esta poesia.