Pernas - 1ª Parte
Pernas que me enlouquecem quando as imagino como devem ser, alicerce do teu corpo que eu desejo, terreno fértil onde florescem pêlos escuros, sedosos, com maciez de pétalas, no vértice sublime de minha esperada e suprema redenção, tal qual paraíso de tantos prazeres sonhados.
Pernas que te dão felina graça, que me conduzem ao delírio, qual embriaguez da vodca, vinho ou cachaça, que em meus devaneios conduzem-me a extremado prazer, quando me envolvem como um polvo enfurecido, transformando o pacato cidadão em tarado e vil bandido.
Pernas que te levam a outras praias, emolduram tuas muito curtas saias, oratório de obscenos pensamentos. São tuas pernas razão de minha sandice, de minha insônia, dos meus sonhos obsessivos, de meu pecado maior quando delas sinto o cheiro forte e o calor tépido em meus pecaminosos, melhores e sofridos momentos.
Nessas pernas sentirei, mesmo a distância, as delícias de teu mais gostoso afago. Finalmente lembro-me que estou muito distante, vislumbro, querida e santa estrela azul mais brilhante... o esplendor de tua graça e riso cristalino refletidos no morro que, coberto de neve, espalha um frio intenso como o furar de mil agulhas, mas perfeitamente equilibrado pela harmonia sinfônica de tua lembrança.