PAI (VELHO TOSA)
Diria assim:
Hoje é seu dia!
Direi assim:
Hoje é seu dia!
Sempre seu dia, meu PAI,
Porque de ti não ficaram
Apenas saudades.
De ti ficaram dores,
Tristezas e vazios,
A valsa triste das lágrimas
Que dançam silenciosamente
Na alma e no coração.
Mas de ti também ficaram
A minha poesia cotidiana,
Minha honradez liquefeita
E aspergida em tudo que faço.
De ti ficaram o aprendizado
E a forma boa de viver a vida.
De ti ficou o batuque na mesa,
Enquanto almoçavas,
Eternizando a cadência
de minha lembrança precoce.
De ti ficou o mascar a língua
Com tua boca grave
Que não aceitou dentaduras.
De ti ficou o borralho aceso,
Queimando o ócio de mim,
Nas poucas e boas histórias
Que contavas ao pé do fogão.
De ti, meu PAI,
Ficou a vida herdada
Por sete bocas ávidas
De sorrir para a vida,
Ainda que a pobreza acosse.
De ti ficou a canção ao violão,
Sinonimizando a PAZ
Que empunhamos no nome
E nas nossas labutas diárias.
De ti, meu PAI,
Ficou tu, a cada dia,
Ainda que não percebamos
Em nossas folias e desarranjos.
Ah, velho Tosa, meu bálsamo,
Meu PAI... Meu Irmão!