PAI (VELHO TOSA)

Diria assim:

Hoje é seu dia!

Direi assim:

Hoje é seu dia!

Sempre seu dia, meu PAI,

Porque de ti não ficaram

Apenas saudades.

De ti ficaram dores,

Tristezas e vazios,

A valsa triste das lágrimas

Que dançam silenciosamente

Na alma e no coração.

Mas de ti também ficaram

A minha poesia cotidiana,

Minha honradez liquefeita

E aspergida em tudo que faço.

De ti ficaram o aprendizado

E a forma boa de viver a vida.

De ti ficou o batuque na mesa,

Enquanto almoçavas,

Eternizando a cadência

de minha lembrança precoce.

De ti ficou o mascar a língua

Com tua boca grave

Que não aceitou dentaduras.

De ti ficou o borralho aceso,

Queimando o ócio de mim,

Nas poucas e boas histórias

Que contavas ao pé do fogão.

De ti, meu PAI,

Ficou a vida herdada

Por sete bocas ávidas

De sorrir para a vida,

Ainda que a pobreza acosse.

De ti ficou a canção ao violão,

Sinonimizando a PAZ

Que empunhamos no nome

E nas nossas labutas diárias.

De ti, meu PAI,

Ficou tu, a cada dia,

Ainda que não percebamos

Em nossas folias e desarranjos.

Ah, velho Tosa, meu bálsamo,

Meu PAI... Meu Irmão!

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 09/08/2015
Código do texto: T5340102
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