O pai é a estrutura de uma casa em construção
Já velhinho e alquebrado
Da luta árdua no mato,
O homem vê seu retrato
Na parede admirado,
Apesar de desbotado
Pelos tempos que se vão.
Pra mais de uma geração,
Foi a mão firme e segura:
O pai é a estrutura
De uma casa em construção!
É tijolo da fornalha,
A garantia da madeira,
Rés-do-chão e cumeeira,
Fortaleza da muralha
Que protege e agasalha
Do corisco e do trovão,
A mesa posta e o pão
Que alimenta a criatura:
O pai é a estrutura
De uma casa em construção!
Na miséria delinqüente,
No desamparo da vida,
Na feia narcísica ferida,
O pai não está presente;
Na agonia latente
Da cela de uma prisão,
Quando uma simples confissão
Liberta a própria tortura:
O pai é a estrutura
De uma casa em construção!
O pai é honra e exemplo,
É a forja e o modelo,
A decisão, o apelo,
É o martelo do templo,
A luz do sol que contemplo
Quando vem a solidão.
E, se caio em tentação,
É só quem me reestrutura:
O pai é a estrutura
De uma casa em construção!