Manaus
Manaus dos meus desejos, aprendi amar-te ainda na infância.
Eras uma senhora de meia idade...
Teus cabelos caudalosos, tua pele feito semente de urucum,
teu por do sol jamais visto...
Teu vinho de buriti para brindar o fim da tarde, tuas praias morenas...
Mundurucus guerreiros, Ajuricabas arpoam o dia, Parintintins festeiros.
Ah! os teus sabores senhora Manaus, não tem igual.
Tuas moradas, contraste urbano, palácios, casarões
e o predomínio das palafitas...
Manaus da Camélia, da cidade alta, da mãe Zulmira...
Manaus das lavadeiras quilombolas.
Por um momento os teus monumentos me remetem à cidade luz...
Teus igarapés serpenteiam tuas margens,
habitadas pelos olhos do Jorge Herran.
Manaus dos trópicos e da matriz, jamais esquecerei teus becos,
o da Marreca, o beco do Macedo, do Russo, e a travessa Nhamundá...
A poetisa jamais descreverá o que sinto, ao contemplar o rio-mar,
o teatro Amazonas, com seus rococós de encanto.
Tudo é harmonioso e belo. Parece até estou sonhando...
O encontro das águas só se encontram em mim,
na dualidade das águas,
lendas e mistérios dão lugar ao inexplicável.
Hoje, a senhora Manaus, que abriga todos de forma calorosa,
com o seu verão sem igual, afaga,
na mesma proporção, com suas chuvas torrenciais.