para José Lara, CERNE DE LARA
ele é o cerne rosa da carne dura do Cedro
polpa macia sob a resistente pele do vento.
a memória espalha
do sertão à capital
do rincão à fábrica
em cada cômodo da casa mais vazia
nas botinas pretas que não calça mais
memória espalhada, sementes de Cedro
palavras mordidas na boca de José Lara
memória que se espalha desde o carro
e sua lenta cantiga das rodas de pau
ranger malemolente
madeira boa alimenta o forno
se há brasa alimentando mãos
copa de Cedro, sangue seiva diamante
transfundido vermelho rosa do sertão é José
José é a rosa da rosa, poema que muito inventou.
*
*
Baltazar