ANGELINA
ANGELINA
Nas mãos a foto amarelada
Na cabeça lembranças guardadas
Vindo de seu meio
Bebi em seu seio
Dormi em seu regaço
Recebi seu abraço
Olhou-me engatinhar
Apoiou meu primeiro passo
Não me deixando tombar
Deu-me a mão para me ensinar
A caminhar
Pegou-a para me guiar na escrita
E evitar a desdita de não me educar
Puxou-me as orelhas
Deixou-as vermelhas
Na bunda palmadas
Para entender a dura jornada
Os beijos sempre foram fartos
No parto, no pós parto
Nas casas, nas ruas, nos quartos
E as conversas conselhos
Senta aqui fedelho
E um dia disse
Vai que a vida agora é tua
Saia da mesmice
Não tenha medo da rua
E eu fui lidar com a lida
Ganhar a vida
E ganhei
Mas só eu sei
O quanto a amo e amei
E o quanto a saudade é rotina
Da minha mãe, Angelina
Deixo aqui, com muito carinho,
um abraço a todas as mães.