CRUZ VAGÃO -ALFORRIA
Para Uélinton Alves Farias
Incólume,
Entre as vergas da jaula desfeito,
O corpo do Cisne jaz em março
Desfigurado pelas penas de seu voo,
Doença do peito.
Tísico escarro
Da mais estreita bitola
Corrói o aço.
Um desterro a mais além do Sítio,
Vagão de gado.
Embalsamado de palavras
chega ao empíreo,
Alforriado entre Auta e Castro!
Corre um mugido, desafia o ungido,
O céu cinéreo baloiça.
***
Põe-me de joelhos teus restos mortais,
Eleva-me teus rastros de imortalidade.
Ao meu pudor ofende abrir tua carta, casto,
Selada no peito em letra à tua amada.
***
Qual lume,
Embalsamado de palavras, chega ao empíreo,
Alforriado entre Auta e Castro!