CRUZ VAGÃO -ALFORRIA

Para Uélinton Alves Farias

Incólume,

Entre as vergas da jaula desfeito,

O corpo do Cisne jaz em março

Desfigurado pelas penas de seu voo,

Doença do peito.

Tísico escarro

Da mais estreita bitola

Corrói o aço.

Um desterro a mais além do Sítio,

Vagão de gado.

Embalsamado de palavras

chega ao empíreo,

Alforriado entre Auta e Castro!

Corre um mugido, desafia o ungido,

O céu cinéreo baloiça.

***

Põe-me de joelhos teus restos mortais,

Eleva-me teus rastros de imortalidade.

Ao meu pudor ofende abrir tua carta, casto,

Selada no peito em letra à tua amada.

***

Qual lume,

Embalsamado de palavras, chega ao empíreo,

Alforriado entre Auta e Castro!

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 20/04/2015
Reeditado em 25/07/2020
Código do texto: T5213920
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