À ESPERA DO ARCO-ÍRIS
Do púlpito árido
à terra seca
O timbre soa enjoativo
Das faces dissimuladas.
Eu não sabia
que tantas palavras evasivas
seriam aviltadas ao vento.
Aprendi com a poesia do tempo
que nenhuma semântica
-Ainda que belamente achincalhada-
seda a dor de tanto tiro no peito.
A voz moribunda toma força
e uma- a- uma das peças maquiadas
tombam arrogantes e enxovalhadas
pela terra prometida já desnuda de propósitos.
As flores esquecidas
Tomam força de mistério
e desabrocham mancas
de pétaflas frágeis, dilaceradas
a pincelar nuanças fracas
de efeitos bombásticos.
Os pássaros gritam
pelo cenário que se incendeia.
A lama é o óleo negro
furtado e vendido
cáustico unguento que dilacera todas as dores.
O campo é universo minado.
Os púlpitos insistem na soberba,
rendados mas erendados de horrores
e dissimulam compaixões sem amores.
Ainda insistem, apesar de tudo.
Lobos rugem e endeusam a si mesmos
Sequer sem a mea culpa
pela falsa sintaxe de soluções patéticas.
E a terra seca com sede sedenta de tudo
Explode em convulsão vulcânica.
Cobre-se de destroços amontoados de gentes...
Gente morta que grita...
Ao relento do caos,
Os paradoxos holísticos das construções desconstruídas
Tombam a céu aberto.
Um eco mudo ressoa no inferno
À espera do prometido arco-íris.