ALEIJADINHO

Cobre-te as chagas em devotadas mãos

Em meio às preces de um calabouço de fé...

Remorsos guardas entre paredes e vãos

Que te ecoa em fúnebre julgo junto à ralé.

As tuas vestes do pó, então, se maculam

E mal se notam teus olhos ao sol, cabisbaixos

E teus lábios a se revoltarem, já tremulam

A cada açoite nos entalhes dos pés altibaixos.

Murmura, demente, entre o breu dos porões

A tua voz munida da dor que te apena o tino

Dirás, ó, beato dos males de suas concepções

Que o véu que te tens não afere o ser divino.

E, feridas ardidas pelos tesouros se abrem,

Enquanto o douro da sacralidade pesa o lado.

Se lamberdes o solo, matizes te encorajem.

E tolices de tua garganta turifica o fel ornado.

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Antônio Francisco Lisboa (O Aleijadinho)

*29-08-1730 ou 1738 / + 18-11-1914

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Giovanni Pelluzzi

São João Del Rei, 01 de dezembro de 2014.

Giovanni Pelluzzi
Enviado por Giovanni Pelluzzi em 02/12/2014
Reeditado em 18/04/2015
Código do texto: T5055625
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