Como uma boa colcha de retalhos
Um dia, um certo Tom me ensinou
que são as águas de março
que encerram o verão.
Perdão.
Eu não podia começar esse poema,
sem citar inicialmente,
aquele rei do baião, lá do sertão,
que extraiu leite de pedra,
no tempo da pedra lascada,
amenizando tanto sofrimento,
com o alento da asa branca,
confirmando a teoria
de que o dom não vem da escola,
mas que o bom pode multiplicar-se nas salas de aula.
Creio já ter sido desculpado,
pois é sabido que às vezes
a nossa própria mente nos traem,
mas quem evita o seu próprio crescimento,
estará fadado a ser um dos sete anões,
perpetuado em estorinhas mal contadas.
É importantíssimo ouvir a alma,
manter transparente a aura,
porque quando quatro cidades
foram encobertas por um lago,
o sobrado ficou para os peixes,
lá em sobradinho.
O trem das cores,
numa viagem virtual e impressionante,
quase tão marcante quanto o impressionismo,
com um lirismo em solo nada propício ao lírio,
mas é exatamente aquilo que já falamos:
"que o bom pode multiplicar-se nas salas de aula".
Planeta água. Quem disse que é terra?
Todo mundo teme alguma coisa
e há até quem morra de medo de avião,
muito bom, mas o mundo não é só aqui.
Enigmas se resolvem com raciocínio
e o nosso declínio também,
mas que formação teve o menino
que ontem nos assaltou
e que canções o seu pai escutou?
Para que a vida imite a arte
é necessário estar próximo dela
e da sua essência extrair a influência.
O melhor agasalho é o que tem o alho,
mas reparem como ele é fininho.
A tudo aquilo que aprendemos ouvindo.