POEMA QUE BARROS ME ENVIOU DO CÉU
Saio de minha poesia desnuda de amor
e encontro com a alma do poeta
à meia-noite depois de um Sarau Grego.
Ele voou como araquã no entardecer
e o seu deserto amanhecido ficou em mim.
O poeta encontra um azul cheio de pássaros,
um anjo vestido de Bernardo
uma Musa excitadinha de poesia
e Eva abrindo o roupão do poema.
Quase no ápice das alturas,
o menino Manoel olha para trás,
deixa-me cair versos de ser criança
quando exercitava seu instante de Adeus.
Ei-los a devorar meu lirismo de Amor
ao receber o papel nas dobras do vento:
“Rosidelma, se poesia é voar fora da asa,
o amor que não apodreceu em mim,
aquele amor que pintei nos olhos de Stela,
dos andarilhos, dos pássaros e das crianças,
é esse amor sem pecados que reinará comigo.
O mesmo amor que colhi dos olhos de Bernardo
e derramarei aos homens que ainda
não aprenderam a amar as pequenas coisas.
E aqui, com meus cadernos de apontamentos,
dormirei nas mãos de Deus, com o lápis e o amor
ao som eterno de Jesus, alegria dos homens”.
(Minha homenagem ao eterno Manoel de Barros, um dia após a sua morte. ROSIDELMA FRAGA 14/11/14).
No dia 13/11 e no dia 14/11/14 eu estava lançando meu CANTARES DE AMOR. Soube da morte de um dos maiores poetas de Língua Portuguesa, o autor de meus estudos. Não chorei. Não faço sensacionalismo com morte de poeta. Leio a poesia. Vivo a poesia. E ela reina comigo. Por isso, meu caro poeta, durma em paz na eternidade que seus ensinamentos estão gravados em mim.