AOS MEUS ALUNOS – POEMA DE 1989, OUTRO TEMPO
REPUBLICAÇÃO – POEMA ESCRITO EM 1989. Em homenagem aos alunos meus, hoje adultos com filhos grandes, e àquela que fui, à Zuleika que eu, deveras, mais amei, de amor sem sobressaltos, sem dúvidas, sem sofrimentos, sem Mistério, sem renúncias em cada minuto. Ah, amor de mim e por mim já indo longe no tempo! Depois dele, desse amor, só restaram os sacro-ofícios. Daqui mando um abraço do tamanho do mundo para os meus "meninos" e também para os seus - deles - meninos.
Este poema diz muito da que eu fui, daquela que acreditava, daquela que tinha certezas. Sei que, hoje, miseravelmente, o caminho dos mestres é infinitamente mais difícil do que no "meu tempo" - meu tempo, ai, ai. A eles, mestres de hoje e de sempre, o meu mais fundo respeito, o meu mais fundo carinho. Um país que não cuida deveras da Educação, que não faz da Educação sua PRIORIDADE MAIOR, antes de tudo pelo respeito aos seus mestres, é um país sem presente e destinado a ser um pais sem futuro. E isso é trágico, isso é viver em um dos Círculos do Inferno de Dante.
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AOS MEUS ALUNOS
Este poema diz muito da que eu fui, daquela que acreditava, daquela que tinha certezas. Sei que, hoje, miseravelmente, o caminho dos mestres é infinitamente mais difícil do que no "meu tempo" - meu tempo, ai, ai. A eles, mestres de hoje e de sempre, o meu mais fundo respeito, o meu mais fundo carinho. Um país que não cuida deveras da Educação, que não faz da Educação sua PRIORIDADE MAIOR, antes de tudo pelo respeito aos seus mestres, é um país sem presente e destinado a ser um pais sem futuro. E isso é trágico, isso é viver em um dos Círculos do Inferno de Dante.
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AOS MEUS ALUNOS
Os rostos dos meus alunos
tão jovens
diante de mim.
Esperam tanto
da vida, do amor, do mundo.
O que esperam de mim?
Neles cintila o milagre
chamado adolescência
esta ânsia de liberdade
esta pergunta:
Por que os adultos
são tão comportados?
(Que sabem eles
das máscaras que compomos?).
Nosso mundo
- o meu e o deles -
na precária
área de intersecção
chamada sala de aula.
Será que lhes dou alguma coisa
para além dos conteúdos
dos currículos
quase sempre preparados às pressas
entre ruídos de toda ordem?
De todas as lições
que recebo deles
a maior é a certeza
de que é preciso manter a luta
na esperança de um mundo mais limpo
do que este que recebemos de herança
para que ele, este mundo,
não seja reproduzido, como está,
ad infinitum
para que eles, os SEM-CULPA,
estes adolescentes de agora
com seus rostos adultos no futuro
possam um dia olhar para trás e reconhecer
que o tempo em que estivemos juntos
não foi um tempo descartável.
Tão jovens
tão belos
tão frágeis e fortes.
Por causa deles
preciso crer
na minha utilidade
na minha fortaleza
para além de todas as guerras
que nos assolam por fora
e por dentro
para que lhes possa dar
no cotidiano dos dias
o melhor de mim
o melhor do possível de mim.
Apesar do mundo
apesar de mim.
Abraço grande, caríssimos.
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