Insondável Sertanejo
Cai a escassa chuva
Sobre a terra seca
Do árido sertão,
Trazendo esperança
À gente que vive
Em desolação.
Só que a chuva é pouca
Pra matar a sede
Do sedento chão,
Cuja língua longa,
Voraz e invisível
Torna risível
Qualquer comoção.
Mas de ilusão
Vive o sertanejo.
E, a qualquer lampejo
De sonho ou esperança,
Vem a confiança
Na Divina Grandeza,
De que a natureza
Lhe trará bonança.
O que mais assusta
No homem do sertão
É a gratidão
Frente ao sofrimento.
Agradece a Deus
A chuva não mandada,
E na fome e na praga
Não mostra lamento.
Como, então, medir
A força de alguém
Que enxerga o bem
Mesmo no mal?
Que a morte não teme,
E não foge à má sorte;
Que, na fraqueza, é forte
E acha a dor normal?!