A CHUVA AUSENTE
Os uivos do vento agonizante
Eriça todos os pelos da manhã
A capa do homem esvoaçante
Precipita o peso da hora malsã
Trovões assombrosos tremem o chão
Eles tem as águas atadas na corrente
São as primeiras chuvas pós-inverno
Que desadormece as plantas dormentes
Dos pingos grossos com gume
O homem se esconde pesaroso
Incha e sonha com a vida, a semente
Porém a chuva se nega, não vem, se evade
As nuvens roxas se clareiam, se desfazem
Como se fosse apenas prisão de ventre!