CONVERSA DESCOSTURADA

Quantos poentes a trouxeram até aqui
Trilhares de estrelas embalaram seus sonhos
Inúmeras luas a viram adormecer
Igualmente sem conta usou das auroras
Para trazer de volta seu espírito 
Que se embrenhou em dimensões remotas.

Das dores e dos amores
Nem ousou pensar, muito menos comentar
Bastou-lhe guardá-los nas dobras sutis da alma
Num espaço onde tudo se fez calma.

Dos espinhos e dos montes escarpados
Percorridos por seus pés, descalços
Não sobraram nenhum lamento
Transformou toda caminhada forçada
Em escudo protetor
Resistente a todo e qualquer dissabor.

Suas mãos generosas
Ao longo de muitas décadas
Fizeram-se caridosas
Ao final de seus dias, já eram asas.

O corpo se desgastou, e desbotou
A alma, ao contrário, ganhou cor
O envoltório envelheceu e arqueou
Sua essência deputou com louvor.




(Imagem: Lenapena)

Obs.: Versos dedicados a uma amiga muito querida, valorosa trabalhadora voluntária, que se foi de retorno a Pátria Espiritual, com certeza foi recebida em seu novo lar, com Louvor, diante do belo trabalho humanitário com que preencheu seus dias, ao longo de muitas décadas.



Não sei a razão do título, que dei a poesia, mas ele me foi soprado e por isso não alterei, mesmo tendo estranhado.
 Talvez, quem sabe, seja porque daqui pra frente, não poderei manter com ela, as longas e agradáveis conversas, que tanto me ensinavam...
E a imagem é também uma homenagem à ela, que amava a Itália, em especial Veneza.
Lenapena
Enviado por Lenapena em 25/09/2014
Reeditado em 25/09/2014
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