Iguatama
Dessas curvas sanfranciscanas
Preguiçosas...
Que parecem não terminar.
Terra de muitas facetas
De campos, matas, várzeas e cerrados.
De sublimes, majestosas e singelas lagoas.
De pequenos povoados.
Da Inhuma que namora o São Francisco
enviando recado pelo Ribeirão dos Patos,
mas que às vezes se encontram
nas turbulências dos grandes temporais.
Terra onde jorra o leite teimoso
nas lágrimas contidas do lavrador
que colhe lavras e palavras,
em sonhos... Solitário!
Terra que enfumaça o ar
em vã tentativa
de desbotar sua imagem bucólica.
Espaço de mil saudades esquecidas.
De histórias bem guardadas
que se revelam
no gáudio daqueles
que em teu seio
hão de adormecer.
A quem te pertence?
Oh! Esquadra adormecida no cais
de um porto que não existe mais!
Bela Província.
Dos velhos quintais.
Dos pequenos ladrões de jabuticaba
que se espalharam pelo mundo
levando a nobreza
que aqui adquiriram.
Terra de muitos temporais
e chuvas suaves,
onde meninos e meninas
faziam festa
andando na enxurrada
chupando manga.
Condado de disputas acirradas.
De bombardeios atrozes.
Das gostosas conversas políticas.
Dos polos que se alternam,
que se esquecem dos tesouros
aqui inexplorados
e das velhas oportunidades perdidas.
Berço de um povo que ama povo.
Berço de famílias que amam família.
E alguns matizes que me vem à memória:
A obstinação esquecida dos Paim Pamplona.
A palidez principesca dos Carvalho.
O sorriso jocoso e enérgico dos Garcia.
O olhar aristocrático da Cunha.
A sobriedade flamenga dos Macedo.
A voz mansa e trigueira dos Leão...
Hoje tudo misturado
como uma pintura impressionista.
Ah! Iguatama...
Encosta iluminada
pelo pôr do sol,
que incansável de ser belo
repousa rio acima.
Para além das montanhas de minha alma
Desse velho oeste
onde respirei pela primeira vez.