Mestre Vitalino

Então, o homem-deus-demiúrgo
(talvez o verdadeiro)
junta água e chão
e faz o milagre primeiro.
E do barro, faz o segundo:
Eis o homem!

(à sua imagem e semelhança...)

Homem do barro,
curtido de sol,
curtido de miséria
e doído de esquecimento.
De seu, pouco  tem:
só o espanto dos olhos.

Então, o homem-deus-demiúrgo
do fole do peito tira um suspiro;
e no sopro vai a certeza
de que alma do barro chegará,
assim que a noite descer do céu.

 
Homenagem pouca a Mestre Vitalino (Pereira dos Santos, 1909/1963).

Produção e divulgação de Pri Guilhen, lettre, l´art et la culture, assessora de Imprensa e de Comunicação Social. Rio de Janeiro, inverno de 2014.