( imagem de meu pai)


As Mãos do Meu Pai


As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...

(Mario Quintana)




 
( Eu que escrevo tantos versos às vezes eles me faltam em certas horas especiais. È que a emoção toma conta de mim que prefiro não escrever nada. Ainda bem que nessas horas existe, por exemplo, um poema de Mário Quintana que diz tudo que eu queria dizer. E então é com esses versos que homenageio meu pai e todos os pais aqui desse recanto. Enfim os pais do mundo inteiro. Não quero dizer mais nada. Apenas que Deus os ilumine. Esses versos dizem tudo o mais.)