SENTINELA DA QUERÊNCIA
Quero-quero, quero-quero
ave do campo, alarmento!
O teu grito é um lamento
há gente que não te entende,
porém, quem te compreende
tem dom santo e divinal,
és clarim tradicional
e a querência tu despertas,
em fortes gritos de alerta
sobre o dorso campanal.
Pois tu és tão altaneiro
bichito sem prepotência,
que guardas com reverência
o CTG há pouco fundado,
pendão tão imaculado
este Rancho de Ataveu,
onde gaúchos bueno e creu
o fundaram com paciência,
e bênção em reverência
pediram ao Pai do céu.
Ó! Sentinela da Querência
por dois fachos ladeado,
para orgulho deste Estado
tens por lema a tradição,
sempre em pé, firme no chão
de pescoço levantado,
olhando pra todo o lado
és prepotente vigília,
aquerenciando a tropilha
das tradições do passado.
Eu, quando vagueio ao léu
só, em meu pensar contrito,
de repente escuto um grito
ecoando mui compassado,
por matagal, por banhado,
deste chão continentino
onde reponta ao destino
a tropilha de meus sonhos,
são as tradições de antanhos
que tropeio desde menino.
E quando em peleias idas
das aguerridas disputas,
o gaúcho avançava às lutas
pra defender este chão,
que já não é mais pagão
depois de tanto mistério,
e que tanto guasca sério
perdeu a carcaça por ti,
cantas como banteví
Rio Grande do Sul, gaudério.
Verde-azul de campo e céu
de coxilha ilimitada,
onde restinga e canhada
vão enfeitando a paisagem,
que o Patrão deu como pajem:
tu quero-quero altaneiro,
qual vitorioso guerreiro
de lança firme em tua mão,
defendendo a tradição
dos velhos guascas tropeiros.
Garanto que não tem índio
por mais maleva que seja,
que ao Pedinchão não proteja,
este Sentinela Altivo,
por quem tanto me cativo
pássaro pobre e pagão,
por que tem por religião
estando em campanha aberta,
a de gritar: “SEMPRE ALERTA
EM DEFESA DA TRADIÇÃO’’
Aos peões e prendas do CTG
Sentinela da Querência
e todos seus associados