Salve nosso Ariano

Toca gaita querida

Lá do Auto da Compadecida

Revive o teu grande mestre

Dessa vez sem brincadeira

Traz a alma dele inteira

Resgata esse cabra da peste

Rogo a Nossa Senhora

Não leves ele embora

Intercedes a nosso favor

Ressuscita nosso Ariano

Um arretado paraibano

Um singular, impar escritor

O que será da literatura?

Ao perder ilustre criatura

Que gostava tanto de viver

As palavras chorando

Estão se perguntando

O que nos vai acontecer?

João Grilo desesperado

Com os olhos arregalados

Agora não sabe o que dizer

Chicó tenta uma história

Mas sua fantasiosa memória

Insiste em não aparecer

O papel está todo branco

E para nosso espanto

Ele não vai mais escrever

O bloquinho desconsolado

Pensa num canto isolado

Será que vou apodrecer?

Uma página triste da vida

Abre em nós uma ferida

Muito difícil de cicatrizar

Mas história é assim

Tem inicio, meio e fim

E a dele um dia ia acabar

Nas histórias de Ariano

Ele tinha sempre um plano

O objetivo era entreter

Do Nordeste se orgulhava

Sua cultura divulgava

Coisa bonita de se ver

Agora ao lado do Senhor

Nosso preexcelente escritor

Deve estar a ajudar

Colocando um causo aqui

Uma “mentirinha “ ali

A história da humanidade

Lá de cima vai com Deus

Ajudar, melhorar, alegrar