À "GOLDEN- DEUSA"

E a mil girava a copa do planeta Terra...

Gigante bola, vida sob dourada esfera,

Ardente astro sobre verdejantes guerras.

Rolavam as bolas ...em promessas tão douradas!

Das tantas gentes de alegrias rechaçadas,

Rolavam ânsias sobre as verdejantes pragas.

Rolava a fome de ser um todo premente

Desiguais bolas dentre tão iguais vertentes

A pontuar os gols na rede univalente...

E rolavam pernas e joelhos endurecidos

Rolavam muitos corações arrefecidos!

E rolavam vértebras na jogada desarmada

E uma mordida da boca desesperada...

De mãos vazias, sob a terra inanimada,

Deusa de ouro, na patena idolatrada

Indiferente ao tudo que ali girava.

Rolavam sonhos, tantas dores e anseios

Tocando a trave...mais um gol em devaneio!

E tudo o mais então rolava em campo roto,

Tudo alheio aos demais campos em aborto.

Subrolavam bolas, muitos gritos e suores...

Subrolavam mísseis e cessavam várias vozes...

Subrolavam corpos sobre gramas ensanguentadas

Cinzentas nuvens, sobre as guerras em holofotes!

Mas fez-se gols pelos campos ensolarados

Vindos aos pés de fortes corpos endeusados,

Na guerra- santa que corria ensandecida

Selou-se a vida advinda das partidas.

Foi quando um Cristo alto, de braços sempre abertos

Iluminou-se frente ao mundo tão encoberto...

Mas... soergueu-se a "golden- deusa" intocável

Ao vil da massa, ora tão manipulável.

Então a noite que descia pela encosta

Buscou a lua, a gigante vitoriosa!

E mais um míssil ali cruzou o horizonte

Cadente ao Homem, também astro agonizante.