Herói do sertão

(ao jumento que servia na Timbaúba, onde me criei

e a todos os "escravos" deste Nordeste)

O jumento é como um escravo

tudo o que fez, nada te sobra;

O homem carrasco, de bravo

terás ouvidos a quem o cobra?

Na seca, na fome, e no cansaço

Era o companheiro do campo,

sempre carregado de manto

Nunca reclamou de fracasso...

Transporte de carga do sertão

cangalhas, ancoretas e sela,

Levava lenha, abria cancela

Sabia do caminho ate o oitão

Chegando, dava um suspiro profundo,

Baixava a pestana esmorecido

Esperando o dono compadecido

despejar a maior carga do mundo...

Oh como não sentir saudade,

Como não lembrar da teimosia

Baixando a cabeça, porque queria

uma rama verde,neguei-te a liberdade...

Tua velhice, desamparada

o pobre magro trumbicando,

Dormia em pé, e foi ficando

Sem apetite para a vida amargurada

E num dia desses em que alguém

Te deu conta, desapareceu;

e lá no fim da roça morreu

Lá onde não se passa ninguém...

03 de julho de 2014

Jairo Araújo Alves
Enviado por Jairo Araújo Alves em 03/07/2014
Código do texto: T4868813
Classificação de conteúdo: seguro