Pelo poema que és
tentei dizer de ti o ébano que voa sobre os travesseiros
de tuas mãos duas asas se oferecendo pra voar-me
tentei dizer dos teus olhos verde-cana adoçando mar
e mais do teu andar, plumas tranquilizando-me o olhar.
quis dizer-te no raiar da aurora, tua voz macia, senhora
fazendo ponte de tua boca ao outro lado do oceano
e do teu colo, o território pra tuas crias saberem da fonte
e do teu canto, toque de brisa a enxugar os prantos
quis dizer-te em poucas ou muitas linhas
do alvorecer às varandas de muitas tardes
nos tapetes, nas leituras sob teus olhos flor em mocidade
quis dizer das sombras do pomar
fértil aos cuidados de tuas mãos
(ainda) agora
quis escrever de ti um poema, que para
meus olhos te sentirem sempre perto
mas, palavras não superam tua presença e teu sorriso...
minha mãe, meu apoio, minha estância, meu abrigo