IMENSIDÃO (*)

(À minha amada mãe Hilda, in memoriam)




Neste silêncio da tarde,
em que até os ventos se calam,
é tua flor de saudade
que meus poros exalam...
 
Saudade dos teus olhos ternos,
que perscrutavam o meu espírito.
Dos portais dos teus pensamentos
que aos meus, sempre se abriram...
 
Meus ouvidos não mais acessam tua voz.
A memória tornou-se mais fraca,
como uma água cansada que perdeu sua foz,
e que já poluída, não nutre mais nada...
 
A estranhas paragens,
a rochas imensas,
a vida me leva.
A sítios sem norte,
a felicidades efêmeras
entre a vida e a morte.
 
Os que eram sonhos de mim
ultrajaram minha casa.
Revolveram meus jardins,
alimentaram-se de minhas rosas.
 
Agora, um profundo silêncio
toma conta de tudo.
Até a confiança e o tempo
tornaram-se mudos.
 
Mas é na tua imensidão,
que mais uma vez,
apascento o verde dos meus campos
que são da cor dos teus olhos
e do teu nome santo:
- Mãe.


(*) republicação


 
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 10/05/2014
Reeditado em 11/05/2014
Código do texto: T4801560
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