A MÃE

Quantas vezes ensaiei

Como dar a notícia aos parentes!

Quantas vezes acariciei

Aquela barriga pontuda, saliente!

E as vezes em que fiquei

Sem saber se estava fazendo o certo?

E as outras em que duvidei

Do que achava ter descoberto?

Bebês não vêm com manual de instrução,

Nem os pais aprendem por telepatia.

Imaginem, então, o grau de aflição,

Tensão, e uma certa dose de valentia.

Cortei os cabelos bem curtinhos,

Pois não tinha tempo de me pentear,

Já que aquele ser tão pequenininho

Só queria saber de mamar, e mamar.

Eu parecia um zumbi insone,

Ansiando por um sono perfeito,

Mas o bebê botava a boca no trombone

Quando estava meio insatisfeito.

Eu que era mãe de primeira viagem

E não tinha irmãs ou irmãos,

Tive que ler muita reportagem

Para não meter os pés pelas mãos.

Hoje olhando para o passado

Sinto não ter podido aproveitar mais

Para curtir aquele ser tão desejado,

Mas eu vivia trabalhando demais.

O que importa é que a criança cresceu

E hoje é uma mulher super bacana

E tudo que de lá pra cá aconteceu

Me faz muito orgulhosa da minha Ana!

Beth Rangel
Enviado por Beth Rangel em 08/05/2014
Reeditado em 09/05/2014
Código do texto: T4799420
Classificação de conteúdo: seguro