A MÃE
Quantas vezes ensaiei
Como dar a notícia aos parentes!
Quantas vezes acariciei
Aquela barriga pontuda, saliente!
E as vezes em que fiquei
Sem saber se estava fazendo o certo?
E as outras em que duvidei
Do que achava ter descoberto?
Bebês não vêm com manual de instrução,
Nem os pais aprendem por telepatia.
Imaginem, então, o grau de aflição,
Tensão, e uma certa dose de valentia.
Cortei os cabelos bem curtinhos,
Pois não tinha tempo de me pentear,
Já que aquele ser tão pequenininho
Só queria saber de mamar, e mamar.
Eu parecia um zumbi insone,
Ansiando por um sono perfeito,
Mas o bebê botava a boca no trombone
Quando estava meio insatisfeito.
Eu que era mãe de primeira viagem
E não tinha irmãs ou irmãos,
Tive que ler muita reportagem
Para não meter os pés pelas mãos.
Hoje olhando para o passado
Sinto não ter podido aproveitar mais
Para curtir aquele ser tão desejado,
Mas eu vivia trabalhando demais.
O que importa é que a criança cresceu
E hoje é uma mulher super bacana
E tudo que de lá pra cá aconteceu
Me faz muito orgulhosa da minha Ana!