Estátua e lágrimas
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Sozinho,
quis conversar com tua estátua.
Debrucei-me sobre ti.
Indiferente, mantiveste o silêncio.
Afinal,
que importância teria o teu silenciar?
O mundo não me escuta;
as pessoas não me enxergam;
na minha casa não sou visto...
Senti minha mão sobre a tua mão.
O teu sentar, esboçando parcimônia,
serviu-me plenamente:
cabisbaixo, chorei.
Ninguém viu nem daria importância.
O xadrez da minha blusa carcomida,
entretanto,
pareceu desfigurar-se.
Entre o teu semblante, protegido por lentes,
meus braços e os teus braços,
havia esperança.
Retratada no livro, seguro entre teus dedos,
estava a nova história que surgiria,
dentro de mim, de mim para o mundo,
revelando que lágrimas, ao sagrarem,
criam enredos fantásticos...
Quando lidas.
Iguatu-CE, 25 de março de 2014.
21h08min
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