Ode às mulheres
Ode às mulheres
Despertem musas do universo.
Mostrem ao sol a origem
da verdadeira chama,
ofusquem a lua em seu brilho fugidio,
revelem ao dia a sua monotonia
e o desprazer das vadias horas.
Afugentem as madrugadas frias
e atirem ao espaço a enganosa solidão.
Despertem musas do universo.
Digam aos jardins que eles
são mera abstração,
às flores, que não possuem
o perfume emanado de suas faces
nem o néctar que emerge dos lábios,
onde se materializa o esplendor
de suas entranhas.
Despertem musas do universo.
Mostrem as águas a sua força
quando arrastam na correnteza
os desencontros de cada dia.
Proclamem ao mar que o seu infinito azul
não se compara a eternidade
que existe no alcance dos seus braços.
Despertem musas do universo.
Tragam as cores que transformam
o mundo acinzentado
na mais bela paisagem.
Permitam que saltem dos seus olhos
o bálsamo que suaviza as dores
da alma e dos amores
no peito dos desavisados.
Despertem musas do universo.
Digam aos homens que sem vocês
eles não existiram.
Seriam naves que não aportariam
em lugar algum.
Deixem que eles sintam a sua falta
quando o sol esconde seus raios
e a lua nega o seu fascínio.
Despertem musas do universo.
Ofereçam a arte fria o mais
completo modelo,
a poesia, a maior inspiração,
a música, a mais perfeita sinfonia,
a caminhada, o mais sincronizado
passo.
Guardem a sete chaves
o desafiador mistério que envolve
o fascínio existente em
cada gesto, em cada olhar.
Acolham-me musas,
em seus braços aveludados:
mães, amigas, guerreiras,
amantes, amadas, companheiras.
Ao Pai agradeço por existirem
e encherem de alegria os meus dias,
atapetando de risos os caminhos
por onde pisam os meus pés.