Março (Flores de Outono)
Jamais quis lhe entender,
Mas precisava saber, do que precisava.
O impreciso dom do saber,
Tudo aquilo que eu imaginava!
Eu não tenho muito a oferecer,
Além da lacuna entre meus braços.
O forte abraço, como uma estação a lhe envolver,
O meu outono que chega ao final de março...
O meu inferno astral,
Que se mistura à minha mistura.
Nasci num paralelo meridional,
Trinta graus sul, formam minha nomenclatura.
Jamais quis lhe entender,
Mas falta em mim um pedaço.
Dividido quase sem querer,
Como uma estrela que vaga no espaço.
Assim como vaguei, mas sem espaço.
Sem luz, sem ribalta, sem cena.
Mas o outono, ah, esse chega em março,
Como a poesia na ponta de minha pena.
Veríssimo me quis assim,
E disse-me que um desenho se forma num pequeno traço.
Mas traço a traço enfim,
Há em mim o esboço de março.
Como as Flores de outono,
Dando cor a imagem empalidecida.
De um rei, dês de que haja trono,
De uma vida, dês de que haja vida.