Aos poetas modernos

Eu não sou como você

Poeta universitário

Porém meu vocabulário

Emana do campesino

Minha poesia é pura

É verdadeira cordura

Do caboclo nordestino

Você vate futurista

Não tem a minha visão

Para cantar o sertão

Precisa ter mais pendor

Conhecer divinamente

O sertanejo carente

Nosso irmão trabalhador

O seu verso tecnocrata

Ninguém percebe o que é

Falar do povo raté

Precisa ter vocação

Ser poeta verdadeiro

E sofrer como roceiro

A miséria do sertão

Seu verso madrigalesco

É um verdadeiro enigma

Sempre foge ao paradigma

Da poesia do sertão

Seu pensamento simbólico

Não traça o drama bucólico

Do povo do meu rincão

Seu verso sem arte e rima

Não satisfaz ao campônio

Além do sentido errôneo

Não fala da populaça

O sou pensamento inserto

Embora que esteja certo

Para o povo não tem graça

Você poeta granfino

Com toda musa livresca

A sua trova grotesca

Não satisfaz a ninguém

Sua estrofe heterométrica

Além de faltar a métrica

Falta conceito também.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 21/11/2013
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