Aos poetas modernos
Eu não sou como você
Poeta universitário
Porém meu vocabulário
Emana do campesino
Minha poesia é pura
É verdadeira cordura
Do caboclo nordestino
Você vate futurista
Não tem a minha visão
Para cantar o sertão
Precisa ter mais pendor
Conhecer divinamente
O sertanejo carente
Nosso irmão trabalhador
O seu verso tecnocrata
Ninguém percebe o que é
Falar do povo raté
Precisa ter vocação
Ser poeta verdadeiro
E sofrer como roceiro
A miséria do sertão
Seu verso madrigalesco
É um verdadeiro enigma
Sempre foge ao paradigma
Da poesia do sertão
Seu pensamento simbólico
Não traça o drama bucólico
Do povo do meu rincão
Seu verso sem arte e rima
Não satisfaz ao campônio
Além do sentido errôneo
Não fala da populaça
O sou pensamento inserto
Embora que esteja certo
Para o povo não tem graça
Você poeta granfino
Com toda musa livresca
A sua trova grotesca
Não satisfaz a ninguém
Sua estrofe heterométrica
Além de faltar a métrica
Falta conceito também.