Aqueles olhos sábios

Aqueles olhos

bem abertos,

lançam

um olhar

no infinito

da alma.

Aqueles olhos

enevoados,

descobrem

um espaço

no tempo

da ampulheta.

Aqueles olhos

machucados,

vertem lágrimas

cristalinas

que irrigam a face

enrugada pela vida.

Aqueles olhos

as vezes sombrios,

fecham

pálpebras

como cortinas

de um teatro

Aqueles olhos

barcos cansados

se lançam

bem cedo ao mar

porém um dia

não retornam ao porto

Aqueles olhos

marejados

marcados

por tantas dores,

sentimentos, amargores,

são o farol do espírito.

Aqueles olhos

curtidos

cobertos

pela catarata,

tem a sabedoria

de ver o que não vemos.

AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 27-10-13, em homenagem a muitos olhares anônimos de gente idosa e muito simples que cruzo ao longo da vida.