CRIANÇA

Criança conversa sozinha, conversa com animais,
Árvores, nuvens e tudo mais! Lá, do alto dos muros
Faz travessuras... Ri de tudo! Até quando se encontra
Apavorada correndo de seus próprios medos.

Carretel de linha na mão ela, solta a imaginação!
Viaja para longe nas cores das pipas misturadas 

Ao azul e branco do céu.

Criança adora sentir o cheiro perfumado da brisa

O cheiro da chuva tocando a terra. Criança não se cansa
De correr toda molhada pelos caminhos dos quintais
Da primavera. E conta estrelas sem apontá-las
Isso pode dar verrugas... Sabia? 

 
Assiste filme na cama comendo pipoca e quando
O sono lhe toca, reza pra papai do céu 
Proteger sua mãezinha.

Ah, a criança!

A criança corre, grita se lambuza numa enxurrada

De alegria... Criança é poesia!

Pede pro avião trazer um bebê e quase

Sempre à cegonha o entrega na casa errada. 

Criança tem a cara melada no som
Hoje tem marmelada? Ditas pela boca pintada
De um palhaço. Criança tem louças na cozinha
Pra enxugar. Faz caras estranhas na frente
Do espelho achando que isso, é a coisa mais normal.

No colégio é bagunça por toda parte e até gruda

Chicletes nos assentos das carteiras. É mole?
E se repreendida fica sem entender nada.
 
Criança come casquinha de ferida, chupa dedo
Tira meleca... Eca...!  Criança não ta nem aí!

Criança se emociona fácil, sente fácil e guarda
Facilmente tudo na memória.

 
Criança... Faz história!

Será que esta criança existe?
Sim, não duvide! Existe e pode ver Fadas,

Bruxas em suas vassouras aladas sobrevoando os céus
De sua cama beliche. Mulas sem cabeça e Sacis-pererês
Correndo pela casa se escondendo por entre as árvores

Das florestas da imaginação.

Criança só deixa de ser criança quando tropeça
Na maledicência dos adultos aprendem com eles,

A limitação do sonhar, a impossibilidade de voar 
Que as pessoas grandes têm. 

Ah! Como eu queria ser hoje, a mesma criança que fui um dia,
Cujo único compromisso era sonhar... Viajar em meu aviãozinho 

Azul, feito com os restos de caixotes de madeira deixados
Para trás pelos feirantes do bairro.

 
Tolos, achavam que aqueles caixotes
Não lhes serviam de mais nada!
 
Paulo César Coelho

 

 

 
 
Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 12/10/2013
Código do texto: T4521975
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